quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

SEREI BREVE



Serei breve.
O tempo é precioso.
Há um túnel aqui perto,
Que magnifica a viagem.
Num sopro, desapareço,
Em velocidade alucinante.
Quando chegar ,
Serei breve,
Sem tempo para ficar.
Não fujo de mim.
Nem sei se fujo de alguma coisa.
Não tenho tempo.
Não fujo do medo de ficar.
Quero esta velocidade
Que alucina as sensações.
Quero sentir-me sugado,
Sem ter a certeza do destino.
Mudarei sempre as paisagens,
Ao longo das vidas que passo.
Serei tão breve quanto possível.

25FEVEREIRO2015 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

FALAR DE NÓS



Falar de nós, não chega.
Entrelaçar os corpos,
É uma necessidade premente!
Um abraço, esse teu cheiro
Que desde já imagino,
Um nó na garganta diz tudo,
Como todos os nós dos lábios.

Falar agora, é secundário.
Quero mesmo é esse corpo,
Que esconde a tua alma.
Talvez até, esta demora abençoe
Toda a serenidade que preciso.

Quem sou eu senão uma tela.
Um espaço vazio por preencher.
A ânsia está no teu toque,
Nesta criatividade insana,
Do desejo prático e desinibido.

Falar de nós, não chega.
Não precisamos de sons,
Que não murmúrios da pele.
Sei de momentos divinos,
Que te irei contemplar.
Sei ser o teu Deus no corpo,
Sem profanar amor com sexo.

Para já, um só beijo chega.

24FEVEREIRO2015

REFÚGIO DO LIMBO


Distraidamente, o tempo galga.
Uma caixa hermética, onde o Destino trai por prepotência.
Fragilidade faz parte do decifrar da impotente irreverência.
Não há necessidade de disfarce.
O limite do amanhã,
refugia-se num limbo obscuro,
Talvez oculto. Talvez até, mentalmente criminoso,
culpado na forma e falta de respeito, de uma das tantas loucuras,
Que me enlouquecem agradavelmente.
Tudo o que me resta, são migalhas.
Pigmentos reutilizáveis numa tela abstrata,
Sem certeza de cores de fundo,
Geometrias desconexas, ou puro surrealismo hipotético.
É o tempo que me foge.
É o tempo que não me vai dar crédito,
De conquistar um destino.
Um destino quase garantido, por cremação dos corpos,
Irremediavelmente incómodos.
É preciso soltar a loucura da alma.
O corpo é um compasso, guiado por sombras,
Únicas e indomáveis perspectivas da minha personalidade.
Talvez o tempo se repita paralelamente,
Numa galáxia mais perto que a distância de um desejo.
Fico à espera neste limbo.
Fico à espera de uma surpresa
Que realmente me surpreenda.
O tempo, esse, afinal não existe.

24FEVEREIRO2015 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

MILHAS E DISTÂNCIA



Serão as milhas uma questão de distância? 
Serei eu portador de que caminhos? 
Não me avaliem por métricos afastamentos,  mas por um peito cheio de intentos. 
As interpretações da distância, torturam a dúvida do futuro. 
Não leio com facilidade se o futuro é alcançável. 
As milhas, sou eu quem as apaga.
Não tenho medo do futuro. 
Será sempre selado ao primeiro beijo. 
Não fujo de mim. Não fugirei, apesar do cansaço da viagem. 
Só me perco ainda mais no mundo, quando te puder abraçar. 
Obrigado ao passado, pelo dia vindouro.
Já o almofariz se prepara para a química da alma. 
As milhas, são passos curtos,  assim que te leio.
A distância, desvanece ao teu toque, ao teu cheiro. 
Já o horizonte se reconfigura.
Tudo morre e nasce, aqui tão perto. 
No teu corpo, entrará o meu.
Um só desejo.

24FEVEREIRO2015

sábado, 21 de fevereiro de 2015

FORÇA OCULTA

O que me faz parar,
É esta força oculta no peito,
Que por mais tentativas,
A que me imponho,
Não consigo controlar.
É o destino de um desejo,
Excitado sem cheiro,
Sem animalesca vontade
De possuir um corpo diferente.
É uma tempestade tão boa,
Que controlo umas vezes,
Que me enlouquece outras,
Mas é a única forma,
A única forma que sei,
E me mantém agarrado à vida.
A tortura é consciente,
Uma auto mutilação da alma,
Que me torna acre e doce
Comigo mesmo. É estranho.
Tento fugir à dor permanentemente.
Escorrego por mim próprio,
Nestas alturas em que desespero,
Em que sinto a terra fugir,
Em que me sinto asfixiar,
Sem que me falte oxigénio.
Não quero, e é simples o motivo,
Viver de uma outra forma qualquer.
Quero o peito sempre cheio,
De um oxigénio que não existe,
Mas me faz sentir a vida.
É esta sensação divinal,
Que alimenta o bom tormento,
Que sendo ou não dor,
É a dor que alimento.

21FEVEREIRO2015

sábado, 14 de fevereiro de 2015

DESESPERO





Por que será que existe o desespero?
Será doença pontual, um desinteresse,
sem absorção de opções disponiveis.
Será talvez incompetência inocente,
um fechar de olhos discreto, ter medo?
Sei o que é o desespero!
Não sei comparar os níveis,
se é a fome, a doença, o amor...
Sei também que se evita.
Há um poder natural de luta,
de resposta imediata às circunstâncias.
Sei também quem crie circunstâncias,
com um apenas sim, com um apenas não,
a fuga à responsabilidade, o egoísmo!
Sei que há a cobardia, perita no disfarce
do desespero, na manipulação de imagem,
tão inerte como a inércia da cobardia.
Sei que desespero com todo os outros,
que desespero por não poder ajudar, mais,
mais ainda, menos ou até nada.
Porque será que existo eu?
Se o meu final alterasse a necessidade,
se acabasse o desespero dos outros,
finalizava tudo aqui! Sem desespero!
Venha a vida que preciso dar,
venham as formas básicas da existência.


14fFEVEREIRO2015

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O SANGUE É LAVA




Hoje que cheguei aqui,
De um espaço limitado,
Descolado de um cordão,
Eis o resultado. Eu.
Todos os espaços,
São estranhos, são próprios,
Impróprios, detestáveis,
De todas as formas, como Eu.
Há um significante objectivo,
E de repente, como quem sente,
Resulta a razão da vida.
Será vida? O que é vida?
Perguntem, mas
Não esperem respostas.
Vivam o que eu vivo.
Quando se apaga uma chama,
Outro sopro sopra,
E um novo fogo nasce.
São fogos que não se apagam,
Não se deviam apagar.
Este fogo, é um cordão,
Como o da vida, do vácuo.
É um desperdicío apagá-lo.
Mas apaga-se e renova-se,
E arde ainda mais, e mais,
Arde tão quente, que arde
Sem controlo desta mente.
Sinto-me a arder por dentro!
Um queimar que não queima,
Um calor que me acorda,
Que transforma sangue em lava,
E estou cheio. Cheio deste fogo,
Que arde e não se vê, que existe.
Confesso que ardi quase tudo,
O que pensei poder queimar.
Mas não. Quem o criou, apagou.
É difícil sobreviver às cinzas.
Mas a lava sempre acorda,
E o meu sangue está assim,
Um rio que transborda fogo,
O fogo que cria outra vida.
E ardendo assim, segue a vida,
E o coração acorda, de um sono,
Que não queria dormir.
Renascem os dias ardentes,
Um fogo incontrolável,
E do meu sangue seco,
Renasce a lava que amo!

11FEVEREIRO2015


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

DIAS INDIFERENTES




Tenho dias como hoje,
Em que chego aqui, sem saber porquê,
De frente ao branco, a este branco,
À espera de qualquer coisa que apareça.
O problema, que o é, é o nunca esperar.
Não consigo estes compassos indecisos,
Sem ou com névoas que codifiquem frases.
Nem sempre é preciso pensar para escrever.
Escreve-se, como se toma o pequeno almoço,
Como quem se deita a ler um livro, cansado
Até que os olhos fechem sonolentos.
Tenho tantos defeitos, que nem os tento dizer,
O que me vai na cabeça, nestes dias assim,
Sem geometria de pensamento, sem nexo,
Deslumbramento, lógica, inatividade, são nada.
Não é a preguiça que me pára.
Nem penso em motivo que justifique,
O palavreado sem objectividade que sai.
É como cantar no duche, tocar a nudez,
E deixar sair uma voz rasca e desafinada,
Que estraga toda e qualquer originalidade.
Um dia vou deixar escapar indefenidamente,
Estes rasgos de estupidez escrita,
Apenas para preencher folhas solitárias,
E fazê-las perceber que sim, que têm uso,
Não são colocadas de lado, nem criticadas
Apenas por existirem antes do uso.
Tudo tem o seu tempo, a sua história,
E estes momentos de intimidação própria,
Que me levam ao estranho estado,
De um sorriso cretino de mim próprio.
Nada de louvável sai daqui. Só um porquê.
Será prelúdio, prefácio, o que quiserem,
Da egolatria indiferente da minha vida.

09FEVEREIRO2014

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

UM PASSEIO




Um passeio.
As cabeças e,
os ombros.
Milhares de ombros.

Homens e, Homens,
Almas e, Almas,
Horas e, Horários.

Ninguém liga.
Ninguém olha,
com olhos de ver.
Ninguém sente,
senão o tempo,
o atraso no tempo.

Fui criança.
Sujava, tocava,
arranhava a pele.
E não ligava.
Sentia, sorria.
Sem haver tempo.

A multidão implica,
com a minha inteligência.
Até porque gosto.
Paradoxos do tempo.

O comportamento,
é homogéneo, quase...
Cada vez mais gente,
cada vez menos humanos.

Sobra o lar.
Ainda sobra a chave
de uma porta por entrar
de outro mundo,
dentro do mundo.

Recolher,
ler e escrever,
até adormecer.

E,
Quando a aurora chegar.
Recomeçar.


06FEVEREIRO2015

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A FÓRMULA MATEMÁTICA DO SONHO




Pois é sabido que não passamos de matemática.
Toda a energia transformada em matéria,
seja de que forma ou origem for, tem a sua fórmula.
No que toca ao sentimento, não percebi ainda.
Se existem fórmulas, além de matemáticas,
serão de construção química. Alquímia de sensações.
Não tem a ver com modas de enfrentar a vida,
o que sempre foi, o que sempre será, mantém-se
com as réstias de esperança e perseverança.
Há uma procura de algo, que me distinga do resto.
O resto, sou eu, até. O resto são os outros, também.
Todos os restos são somatório de importância,
tão relativa como a evolução. De tudo!
Tão relativa como a interpretação dos sonhos e,
poderá ser essa, a fórmula de viajar no tempo.
É uma matemática sem simbolos reais, simbologia
sem números, e equações escritas como linguagem.
Quando consigo parar no sonho, quando me apercebo
que viajo por algo que não entendo, quando o sinto,
o sonho passa a ter relativa consciência (i)lógica,
talvez provando, ser o oposto daquilo que representa.
Nem eu me entendo nestes pensamentos. Mas penso.
Tenho, e não posso deixar de pensar no mistério.
Não é nada programado, é impulsividade pura,
incontrolável como o é toda a naturalidade.
Os sentimentos, aquelas equações estranhas,
que partem do imaterial, o prolongamento da Alma,
serão outra ciência, uma geometria talvez hermética,
onde a soma Pitagórica seja e é a função da vida.
Mas a simbologia é permanente e necessária.
Aqui está ela e à vossa frente. O que vos dou a ler,
e as interpretações que decidem optar e entender.
Tudo é tão vago. Apesar do vago ser complexo,
sempre existe e existirá um denominador comum.
Até esse, apesar de o ser, o é diferente.
Comum em comunidades diferentes. Mas comum.
A fórmula que eu procuro, é alquímica e pessoal,
apesar de transmissível, por opção de partilha.
O meu ouro natural, a seiva da minha alma,
é a equação entre resultados práticos, do amor.
Posso escrever milhões de fórmulas, que
o resultado não surge, procura-se. Eis o segredo.
Se o é, logo, todo este engenho não é perfeito,
é saudávelmente imperfeito por natureza.
Mas está lá. Está lá, em um qualquer ponto,
o denominador comum desta curta vida material.
A incessante procura da Felicidade.


06FEVEREIRO2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O SOL FICA




Estar vivo é,
Tão difícil de manter.
Gozar as horas,
como elas me gozam,
tem um gosto acre,
um paladar a iodo,
um cheiro a maresia,
o embalar das ondas.
Assim me chama o mar.
Pinto o Sol no nevoeiro,
apenas com visões
que aprendi a sonhar.
É engraçado...
O Sol fica, e brilha,
mesmo escondido.
Sempre me aquece!
Um dia, talvez um dia,
perto ou longe,
só a névoa fica.
Só os poros sentem,
uma húmidade pesada,
que não vou sentir,
enquanto descer,
na profundeza do mar.

04FEVEREIRO2015

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ACASO NÃO É CASUAL




Todos os meus movimentos,
têm um significado peculiar.
Nada funciona em particular,
tudo funciona sincronizado,
desde a pele ao tutano,
desde o Ego até à Alma.
Tudo gira em mim,
desde o sangue,
desde a água que me forma,
e o amor que faz viver.
É-me impossível viver sem amor.
É a desgraça em metamorfose,
desde o negro, à mais bela
mistura de cores quentes,
ou de todas as outras,
que eu posso imaginar.
Repensar é um defeito,
um labirinto em que me perco,
uma saída que não encontro.
Mas sinto-me bem assim,
perdido nesta forma simbólica,
como simbólico é o primeiro beijo.
Nada em mim é casual.
O incómodo que me causou,
foi pensamento que desisto.
O casual, é engrenagem
que só não tem facilidade óbvia.
Nada afinal é por acaso.
Não há destino premeditado,
há encontro e fuga,
há adeus e regresso.
Tenho a Alma em alvoroço,
porque sei que existe o amor.
O teu, o meu e o futuro.

03FEVEREIRO2015

AMAR É SUPREMO




Falar é prematuro,
Quando a ânsia persiste.
Não há momentos tristes,
Apenas arrependimento.
Opções foram feitas,
Quando não deviam ser.
Foi tempo a mais,
Foi o erro do tempo.
Agora, o retorno.
A sabedoria do erro,
Um novo recomeço.
E tu. Tão grande,
Como o acreditar,
Manter a esperança,
O querer esperar.
E eu. Que aprendo,
Que a vida não pára,
Que a vida continua.
Aqui, aí, de novo,
Hoje, onde um dia,
Não devia ter parado.
Falar é prematuro,
Amar é supremo!
O Sol é todo o brilho,
Que te volto a dar.

03FEVEREIRO2015

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A FÓRMULA DO NADA



Pergunto-me eu constantemente,
O que faço aqui, porque existo?!
Todas as fórmulas matemáticas,
Renovam as teorias da existência.
Todas as teorias físicas, apagam
A macroexistência, a evolução
Natural do ser humano, tanta coisa...
A quântica, é a ciência dos génios.
Só a sei por carolice, sem saber nada.
Não sou académico, sou curioso
Obstinado, na tentativa lógica,
De uma razão que nos trás a Razão.
Tudo começa do nada, tudo cresce
Tudo morre, tudo! Só o Universo
Complica todas as teorias,
Porque morre, e porque nasce
Sem prova de início. É infinito,
temporário e autorenovável. E Eu?
Tanta coisa faz valer a pena existir.
Porque existimos, porque morremos,
Um círculo infinito do "Porquê"?!
Só encontro poucos "Porque"...
O Cosmos, é a minha miséria saudável,
O Homem o meu ónus de mim mesmo,
Essa mesma a razão de o não saber.
Quem somos nós para nos destruirmos?
Somos o resultado de um "Porque",
Que não sabemos usar por ignorância.
Ignorância impura, porque é consciente.
Pois vai ser este o meu final, a incógnita.
Pois hei-de morrer sem saber nada.
Só sei que serei pó, poderei ser ouro,´
Poderei ser prata, poderei ser tudo.
Enquanto vivo e efémero, sou nada!

02FEVEREIRO2015